sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Pai Joaquim de Angola


Iquemí foi um negro forte, guerreiro garboso e audaz, filho prometido de uma família real africana, oriunda de Angola, para reinar junto ao seu povo. Era um príncipe majestoso, amava sua liberdade, seus amores e sua nação, um legítimo filho de Xangô.

Mas durante uma guerra onde o poder era buscado a ferro e fogo, foi aprisionado por uma tribo inimiga que o entregou aos mercadores brancos que abundavam na África.

O grande guerreiro, príncipe de sua tribo entrou em desespero, preso como um animal viajou no porão de um navio entre gritos de dor e ódio de seus companheiros.

O mercador Manoel Joaquim, dono do navio aonde vinha Iquemí, soube que havia um príncipe entre os outros escravos e por ele foi procurar. Observou o seu porte, sua beleza, seus dentes e músculos perfeitos, mas viu nos seus olhos que ele não se submeteria aos maus tratos ao se tornar um escravo. Decidiu então ficar com Iquemí em sua fazenda nas terras da Bahia.

Mesmo com a recusa e revolta do negro em tornar-se escravo, o mercador se afeiçoou a ele devido a sua valentia, sua força e destaque entre os negros que a ele recorriam em todos os momentos.

Assim, com o passar do tempo, Iquemí foi conquistando a amizade do senhor Manoel Joaquim, que um dia lhe disse:

- Negro, tu não tens um nome, um nome verdadeiro, um nome para ser conhecido, vou pensar como te chamar.

Depois de anos de uma amizade verdadeira o mercador adoeceu seriamente, mas antes de morrer batizou Iquemí de Manoel Joaquim, a pedido do próprio negro em homenagem ao único amigo branco teve.

Após a morte de seu benfeitor, o negro dedicou-se inteiramente à caridade e à tarefa de minimizar a dor de seus irmãos de cor. Logo sua fama correu terras e ele tornou-se o pai de todos os escravos em terras brasileiras. Antes de morrer, Pai Joaquim recebeu seu primeiro chapéu de palha, dado por um Bispo da igreja local, quando sua cabeça já estava toda branca. Hoje em nossos terreiros é o velho e doce conselheiro Pai Joaquim de Angola.

ADOREI AS ALMAS!





Um comentário:

Lene Parmejani disse...

Adorei as Almas...
Salve toda a linha dos Preto Velhos...