sábado, 13 de outubro de 2012

Oxum é desmoralizada pelas feiticeiras

Exu correu para avisar Oxum que Oxalá estava a caminho de sua cidade onde pretendia parar e descansar de suas caminhadas pelo mundo. Era uma honra muito grande, portanto seria preciso organizar uma grande recepção à figura tão importante para todos. Ela, então, apressou-se com os preparativos da festa, ordenando a limpeza de todas as casas e lugares públicos da aldeia. Era necessário que os todos os enfeites utilizados fossem da cor branca para a homenagem, pois tudo tinha que estar perfeito, à altura do grande orixá.


Com tantos afazeres, em tão curto espaço de tempo, Oxum não se lembrou de convidar as Iya-mi Oxorongá, as temíveis feiticeiras, para a grande festa. Elas não perdoaram a desfeita. Sentindo-se muito desprestigiadas, decidiram desmoralizar Oxum perante os convidados.

No dia da chegada de Oxalá, uma delas entrou disfarçada no palácio para colocar, no assento do trono da Oxum, um preparado mágico.

Toda a cidade estava impecavelmente limpa e ornamentada. O palácio de Oxum tinha seus móveis e utensílios cobertos por tecidos de uma alvura imaculada. Branca também seria a cor de todas as roupas utilizadas na cerimônia.

Oxalá finalmente chegou e foi respeitosamente reverenciado numa grande demonstração de fé e admiração ao grande mensageiro da paz. Oxum, sentada em seu trono, esperava com impaciência a entrada de Oxalá em seu palácio, quando lhe ofereceria seu próprio assento. Mas, ao tentar levantar-se, percebeu que estava presa em sua cadeira e, por mais força que fizesse, não conseguia soltar-se. O esforço que empreendeu foi tão grande, que, mesmo ferida, conseguiu ficar em pé, mas uma poça de sangue havia manchado suas roupas e sua cadeira. Oxalá ao ver aquele sangue no trono em que se sentaria, ficou tão contrariado, que saiu imediatamente do recinto, extremamente ofendido.



Oxum, envergonhada, não conseguia entender o acontecido, já que ela mesma tinha cuidado de todos os preparativos. Disfarçadamente saiu e foi consultar o oráculo de Ifá. O jogo, então, lhe revelou que as Iya-mi haviam colocado feitiço em seu assento, por não terem sido convidadas. Exu, a pedido de Oxum, foi em busca do grande pai, para relatar-lhe o ocorrido. Oxalá retornou ao palácio, onde a grande mãe das águas estava sentada de cabeça baixa, muito constrangida. Quando ela o viu, começou a abanar seu abebe, transformando o sangue de suas roupas em penas vermelhas, que, ao voar, caíram sobre a cabeça de todos os que ali estavam. Em reconhecimento ao esforço que ela empreendeu para homenageá-lo, ele aceitou aquela pena vermelha (ekodide), prostrando-se à sua frente, em sinal de agradecimento.

E foi a partir daí que essa pena foi introduzida nos rituais de feitura do Candomblé.









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