sábado, 17 de novembro de 2012

A Lenda de Exu do Lodo

O Exú Rei e sua esposa decidiram andar pelo mundo para verificar a qualidade do trabalho que seus súditos realizavam. Disfarçaram-se e seguiram por caminhos diferentes.


A Pomba Gira Rainha caminhava por uma trilha tortuosa quando se deparou com um grande pântano, sujo e podre, que a impedia de seguir em frente. Perdeu-se em pensamentos imaginando como fazer para atravessá-lo. De repente, surgiu a sua frente um homem, com a aparência de um ermitão, bastante despenteado e maltrapilho.

A imagem sombria do desconhecido a assustou a principio, mas logo ficou lisonjeada, quando ele, rapidamente, retirou sua capa e a jogou sobre o lago para que ela pudesse passar. Nesse instante ela pode ver nos olhos dele uma grande desolação.

A Rainha caminhou por sobre a longa capa e seguiu seu caminho sem olhar para trás. Atônito e fascinado pela beleza daquela estranha mulher que nunca tinha visto; o homem, que era Exu do Lodo, sentiu o amor invadir-lhe o peito.

A soberana chegou ao palácio e contou ao marido o que tinha acontecido:

- Conheci um ser nobre que cuida de um pântano imundo. Quando uma pessoa chega a esse charco pestilento, do nada ele vem e ajuda a pessoa a superar os obstáculos. Eu vi a tristeza em seus olhos por ter um local como aquele para cuidar, no entanto, faz o seu trabalho com o maior cuidado. Tem uma figura malcheirosa e bruta, mas é humilde e cortês.

Exu Rei, impressionado pelas palavras da mulher, resolveu convidar o estranho homem para um jantar no palácio real. Sua intenção era premiá-lo por sua dedicação à missão que lhe tinha sido imposta e pelo respeito à sua esposa. Ordenou então ao general de seu exército, que fosse até ao pântano, levando o convite.

Chegando à Mansão Real, Exu do Lodo surpreendeu-se ao notar que a esposa de seu soberano era a mulher que ele amava. A dor, ao mesmo tempo, invadiu-lhe a alma. Sabia que tinha de esquecê-la para sempre.

Naquela noite, Exu Rei o condecorou e lhe deu a honra de se sentar à sua direita. E desde então, é esse o lugar que ele ocupa, mantendo a base do trono de seu monarca.

A Pomba Gira Rainha deu-lhe um lenço perfumado com seu aroma, pedindo que ele guardasse nele suas lágrimas, e ao retornar à sua morada, o jogasse no meio do pântano.

Naquela noite, enquanto voltava cabisbaixo, pensava no amor que deveria esquecer. Quando as lágrimas corriam, as limpava com o lenço presenteado. Ao chegar, jogou o lenço sobre a lama e ficou a observá-lo deslizando sobre o charco. Do lenço saíram todas as suas lágrimas e espalharam-se por sobre a água suja, espalhadas como um colar de pérolas que se quebrara. Na manhã seguinte, ele encontrou no local onde tinha atirado o lenço uma planta, e as suas lágrimas dispersas, eram botões florais que se colavam à ela. Considerou um presente de sua Rainha e aspirou a fragrância do seu amor.

Depois de algum tempo, a história repetiu-se. Uma mulher que circulava por aquele mesmo caminho e de repente estacava em frente ao charco. Solicito como sempre, Exu do Lodo saiu de seu esconderijo e ofereceu-lhe a capa. Ao fitar a bela mulher, descobriu em seus olhos a simpatia que ele tanto buscava, e sem pensar duas vezes, cortou algumas de suas flores e ofereceu-as à ela. Emocionada a mulher sorriu e olhou-o com carinho. Era Maria Molambo, que a partir daí, nunca mais o deixou sozinho.

3 comentários:

Anônimo disse...

Mojubá! Malê! Axé!

Anônimo disse...

Pavana! Malembe! Axe!!!

Anônimo disse...

Laroie! Sempre! Maleime! Sempre! Axe!...