Houve um tempo em que Iemanjá e Orunmilá foram casados. Ele era um grande adivinho e com seus dotes sabia interpretar todos os segredos dos búzios. Em uma ocasião Orunmilá teve de viajar e demorou muito para voltar. Iemanjá vendo-se sem dinheiro em casa, resolveu usar o oráculo do marido ausente e passou a atender uma grande clientela. Com isso sua fama correu pelas aldeias e ela fez muito dinheiro.
No caminho de volta para casa, Orunmilá ficou sabendo que havia em sua aldeia uma mulher incrivel de grande sabedoria e poder de cura, que com a perfeição de um babalaô jogava búzios. Muito desconfiado, quando voltou, não se apresentou a Iemanjá, preferindo vigiar, escondido, o grande movimento que ocorria em sua casa.
Não demorou a constatar que era mesmo a sua mulher a autora daqueles feitos, Orunmilá repreendeu duramente Iemanjá, ao que ela respondeu ter feito aquilo para não morrer de fome, mas o marido contrariado não aceitou suas desculpas e a levou perante Olodumare que reiterou: Orunmilá era e continuaria sendo o único dono do jogo que permite a leitura do destino de todos. Ele era o legítimo conhecedor pleno das histórias que forma e completa a ciência dos dezesseis odus. Só o sábio Orunmilá pode ler e entender com perfeição a complexidade e as minúcias do destino, no entanto reconheceu que Iemanjá tinha um pendor para aquela arte, pois em pouco tempo angariara grande freguesia com muitos acertos.
Deu a ela então autoridade para interpretar as situações mais simples e corriqueiras, que não envolvessem o saber completo dos dezesseis odus. Iemanjá saiu contente e lisongeada com suas novas atribuições. E toi assim que as mulheres ganharam uma atribuição antes totalmente masculina.
3 comentários:
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Caro amigo Luiz, temo que este Itan relatado não refere-se a Yemanjá e sim a Osun. No Brasil muitos contos foram inventados ou tiveram os personagens renomeados. No que se refere a Osun, essa foi verdadeiramente a Primeira Yapetebi, a primeira Orixá feminina a ter permissão de manipular os Búzios, somente com oito dos 16 do Eerindilogun.O Itan relatado por você está até correto, porém simplificado e sem os detalhes pertinentes, além de terem trocado a Deusa... Abraço forte!!!
Romulo Cardoso.
Realmente Romulo, por tudo que sei e já li trata-se de uma passagem de Oxum. Coloquei a titulo de curiosidade. Reginaldo Prandi escreveu e relatou que muitas vezes os orixás são trocados em função de nações ou de oralidade truncada.Eu apenas recontei para que as pessoas percebam como existem diversas versões. Obrigado pela sua observação. Fica o registro. Axé meu amigo!
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