segunda-feira, 24 de setembro de 2007

PRECONCEITO VOCABULAR

O titulo é esse mesmo não se assuste, pesquisei antes para saber se existe o termo. Existe! Essa é a nova modalidade de preconceito que enfrentamos, como se já não bastassem os que vêm de fora. Há um grupo de pessoas que insiste em discursos ultrapassados sobre as palavras que os umbandistas usam em suas casas. Invadem a internet procurando por comunidades e grupos de discussão para contrariar a todos que porventura ousarem dizer palavras, julgadas por eles, fora do contexto. Estão sempre a postos para nos lembrar (com a gentileza de um mastodonte) as verdades que defendem ferozmente. Que não trabalhamos com erês, e sim com crianças espirituais. Não temos Babás ou Yaôs, mas dirigentes espirituais. Não fazemos ebós, entregamos oferendas. Não podemos fazer padê, temos que despachar exu, além de muitas outras criticas que encheriam páginas inteiras. Agora, venhamos e convenhamos, não há uma discussão de mais peso e importância para pessoas ditas religiosas? As entidades que nos ajudam deixarão de ser entidades por serem chamadas por um nome diferente em algumas casas? O que muda em nossa vida espiritual se usarmos uma palavra no lugar de outra, já que o ritual que seguimos é o mesmo e os orixás também? Onde está essa cartilha que diz exatamente o que devemos falar ou escrever em nossa religião? Sinto-me desamparado ao perceber que muitos leram esse manual e ensinam com abalizada certeza o seu conteúdo e eu nunca tive a oportunidade de me instruir por ele. Estou sendo irônico sim, somente com muita ironia consigo falar desse assunto que no fundo, é irritante. Pense comigo, se eu fizer uma oferenda para exu no inicio de meu trabalho, o ritual será o mesmo usado por centenas de casas pelo país inteiro. Se eu der a esse ato o nome de padê, o ritual será outro? Os exus me darão as costas e recusarão minha entrega? Perceba como é um contra-senso esse tipo de critica. Gosto dessas e de muitas outras palavras, indígenas, africanas, hindus e as uso em minha casa, aprendi com meus pais no santo e continuo trabalhando com elas. Não me lembro de jamais haver sido admoestado por espírito algum por utilizar esse vocabulário. Nunca, quando estou em comunidades ou grupos de discussão, dou atenção a esse tipo de comentário, pois o que essas pessoas querem é munição para avançar.

Nada do que eu disser será levado em consideração. Portanto, não falo, e aconselho a todos que ignorem da mesma forma. Os rituais de qualquer terreiro devem ser respeitados eles fazem parte da história daquele pai ou mãe que o comanda. Os vocábulos usados durante as sessões não importam se a função primordial da Umbanda estiver sendo mantida. Amor, caridade e fé devem estar presentes em qualquer trabalho espiritual seja ele de que vertente for. Peço aos senhores donos da verdade que se orientem pelas leis de humildade que a Umbanda prega e não pela sede e ganância de saber mais que o outro. Controlem esse prazer que sentem em atear lenha a uma discussão. Não será desmentindo irmãos que os senhores demonstrarão sabedoria, essa não se demonstra, é percebida “quando existe”.


Luiz Carlos Pereira

2 comentários:

Unknown disse...

Esse tipo de discussão existe e é na maioria das vezes iniciadas por aqueles que se acham mais sábios, mais evoluídos, melhores espiritualistas, etc...
Prefiro meu bom e velho vocabulário umbandista, pq sei que assim as pessoas estão entendendo bem o que estou falando e quando eu quiser usar outro vocabulário, usarei e ninguém me impedirá.
Texto maravilhoso...

Anônimo disse...

Parabéns pelo texto e pelo desabafo. E Salve nossos Terreiros. Axé meu irmão....